Escrevo estas linhas com imenso pesar e consciente que muita coisa poderia dizer, mas essa é apenas uma pequena crônica de despedida. Hoje aconteceria o sepultamento do Gran Comandante Chávez, morto depois de aproximadamente dois anos travando uma luta contra um câncer, segundo José Ornellas, chefe da guarda do presidente, Chávez teve um ataque fulminante do coração.
Uno-me a dor coletiva de milhares de pessoas que não só amavam como respeitavam e admiravam o presidente Venezuelano Hugo Chávez Frias. Nos noticiários, através dos meios de comunicação, vemos milhares, milhares de pessoas tentando de alguma forma a dar um último adeus ao seu presidente. Muitas dessas pessoas se desesperam, choram, mesmo não conhecendo pessoalmente o presidente, sentem que uma parte de seu ser também morreu. Outros viajaram muito, saindo de suas cidades, com o único objetivo de chegar até Caracas para a despedida. A cor predominante é o vermelho e cidadãos venezuelanos chegam a passar nove horas aguardando a possibilidade de ver seu líder pela última vez.
Mas afinal, não falavam, os mesmos meios de comunicação que hoje mostram a tristeza de todo um povo, que Chávez era ditador? Como um ditador pode ser tão amado pelo povo?
O presidente era acima de tudo um homem do povo. Sentia na própria carne as mazelas da vida. Tinha a consciência da escravidão que vivíamos, não somente a Venezuela, mas toda América Latina. Percebia como homem simples e com raízes nos povos nativos, que o avanço de uma civilização acontece pela instrução, pelo conhecimento, pela saúde e acima de tudo pelo respeito aos mais necessitados.
Foi assim que iniciou uma “libertação” do povo venezuelano. Onde professores não entravam por temer a criminalidade, Chávez não teve dúvida – mandou para Cuba militares que foram treinados no método de alfabetização “yo sí puedo”, (método de alfabetização semelhante ao desenvolvido pelo brasileiro Paulo Freire) voltando á Venezuela, foram estes militares que entraram nas áreas pobres da cidade e alfabetizaram a população mais carente, fazendo cair drasticamente os níveis de analfabetismo em seu país.
Foram inúmeros os avanços da Venezuela nas áreas sociais no período governado por Hugo Chávez, mas o seu legado foi conscientizar a população de ter orgulho de ser venezuelano, de saberem que são um povo forte e lutador.
Porém a herança de Chávez foi muito maior. Com sua liderança inestimável, seu jeito simples, uniu a América Latina, se juntou com outros líderes, de Cuba, Brasil, Bolívia, Equador, Argentina, Paraguai (antes do golpe), Uruguay, Nicarágua, formando um braço forte da esquerda com visões de soberania, respeito, formação, educação a todo o povo Latino americano.
Um dos grandes empreendimentos, do governo bolivariano foi o projeto de “Viviendas”, semelhante a “Minha casa minha vida”, onde assegurou o acesso a moradia para milhares de trabalhadores venezuelanos.
Claro que sempre que um governo decidir que seu objetivo é a população mais humilde e que erradicar a pobreza é sua prioridade, os donos do capital imediatamente se levantaram contra.
A união dos meios de comunicação representantes da imprensa burguesa foi fundamental para tentar deter o avanço dosocialismo do século XXI, e foi esta justamente que propagandeou o “tirano” que governava a Venezuela.
Podemos citar inúmeros exemplos, o mais ativo foi o jornal El País na Espanha e dentro da Venezuela, a Globo visión, onde todas as falsificações possíveis foram usadas para desacreditar os logros de Chávez e a revolução.
O presidente teve inimigos poderosos, dentro e fora da Venezuela, mas jamais se deixou abalar. A espada de Bolívar esteve nestes 14 anos na mão do Comandante Chávez.
O câncer pelo qual Chávez foi acometido foi muito estranho, e não seria difícil imaginar que o império possa ter algo a ver com a doença. Coincidentemente, nos últimos tempos pelo menos quatro presidentes da América Latina que faziam parte de bloco de esquerda, também sofreram com essa enfermidade, mas o caso do comandante foi mais sério. Mesmo sendo tratado em Cuba, o país considerado com uma das melhores medicinas do mundo, não conseguiu vencer essa batalha.
Talvez as lendas e histórias populares tenham razão – todo herói morre lutando e a morte nada mais é do que o repouso por uma vida ativa.
Hugo Chávez Frias deixa a vida terrena para incontestadamente entrar na história porque jamais será possível matar um grande homem.
Hasta siempre Comandante.
Jornalista diplomada DRT-RS 8293
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